segunda-feira, 11 de junho de 2012

As armadilhas da linguagem


Uns alunos do primeiro semestre da faculdade onde leciono estavam organizando uma palestra sobre o papel da família na inclusão social e, então, resolveram chamar uma pessoa da APAE, para falar sobre as deficiências físicas e mentais, e uma da polícia militar, para falar sobre os menores que estão reclusos por terem cometidos atos ilícitos.
Me pediram para fazer as cartas convite em nome da faculdade, e resolvemos definir o sub-título da palestra de cada um. Para a primeira, pedimos que falassem do papel da família da inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Para a segunda palestrante, solicitamos uma palestra sobre a reinserção social do menor infrator.
Pois bem, na hora da palestra, lá vem a mocinha, bem educadamente, dizer que ninguém porta uma necessidade, então ninguém é portador de nada. Aí disse também que não seria correto dizer 'deficiente mental', e sim crianças com déficit intelectual. Tóin, a pró aqui deu um fora, no olhar de seus alunos.
Aí depois vem a policial feminina e diz que o menor não é infrator (e deu uma justificativa que não me convenceu e acabei esquecendo), que o correto é dizer menor em conflito com a lei. Tóin de novo!
Agora vou dizer bem sinceramente: acho uma besteira sem tamanho! Mudam as denominações, mas não muda o tratamento, o estigma social. Detesto esta postura politicamente correta com relação à linguagem! Dizer "bom dia a todos e todas". Ah, pelamordedeus, é isso que eleva a importância da mulher na sociedade? Aí não pode dizer aluno, pq significa ser sem luz; não pode denegrir, pq desvaloriza o negro; não pode judiar, e aí o problema é com judeus.
Euzinha aqui não tô muito aí para essas coisas, sabe? Acho que tem muito mais o que pensar e o que fazer do que se aprisionar neste comportamento politicamente correto, porque linguisticamente está tudo bem.


2 comentários:

Elaine Lobato disse...

Oi
Entendo muitíssimo bem você, ser politicamente correto na linguagem não muda as nossa postura de fato, que é uma questão social, econômica e cultural!

bjs

Tigre disse...

Já me disseram também é "pessoa com deficiência X", nem portador, nem pessoa com déficit nem nada. Podiam enfim se decidir, criar uma nomenclatura própria (fosse "pessoa com variação no cromossoma tal") e partir pra questão mais revelante...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...